Título: Os oito tesouros do enxoval, (Eight Treasures Trousseau em inglês), (八宝妆 – Bā bǎo zhuāng em mandarim )
Autor: Yue Xia Die Ying
Língua lida: Inglês. Pela Dreams of Jianghu
Tem em português: Não tem. Eu tinha interesse em traduzir, mas não tive retorno na minha mensagem pedindo autorização para traduzir para o português, e não consegui encontrar o e-mail do tradutor
Sinopse em português traduzida por mim:
Todos na cidade de Jing achavam que o decreto do casamento entre Xian JunWang e a filha di da casa do Marquês de Yi’an era como plantar uma flor recém colhida no esterco.
Xian Junwang era a flor recém colhida e a filha di da casa do Marquês de Yi’an era o esterco que ninguém gostava.
Não dizem que o que ouvem pode ser falso, que tem que ver para acreditar? Quem realmente sabia qual era a verdade?
Na verdade, eu iria fazer essa resenha junto com outro livro da mesma autora, que foi traduzido antes, e só estava esperando terminarem a tradução desse livro para fazer a resenha. Esperei, a tradução foi finalizada no final do ano passado, e não tinha feito a resenha ainda. Decidi fazer agora, e decidi separar as resenhas.
O motivo? São dois livros, então para que fazer uma resenha só?
O motivo de antes? O enredo é idêntico, o tom é idêntico.
A própria tradutora chama esse livro de Para ser uma esposa virtuosa 2.0!
E estou usando parte da resenha de um no outro mesmo!
O enredo de Para ser uma esposa virtuosa e de Os oito tesouros do enxoval é o seguinte: uma mulher moderna é transmigrada para o corpo de uma mulher da antiguidade, que se casa com um príncipe. Esse príncipe está envolvida na sucessão do trono. A protagonista só quer viver uma vida confortável e preguiçosa, mas nas poucas horas que precisa, sabe ser esperta. Ela conquista o príncipe logo de cara e o afasta das inimigas.
Até o final dos dois livros é igual. Sério, se você ler um livro, o final do outro é igualzinho!
E creio que esse enredo só vai se diferenciar um pouco de uma outra obra que parece que será traduzida da autora, O trabalho como uma Consorte Imperial (The Imperial Consort Occupation).
E isso me fez repensar no que me fazia interessar por um livro e sobre plágio. Já deixei de ler muitos livros por causa da sinopse, por achá-la simples demais, ou o contrário; ler um livro ruim por causa de uma premissa boa. Sempre a base do enredo foi algo importante para mim, mas agora já não é mais. Por mais que esses dois livros sejam idênticos em questão de história, sejam até mesmo escritos pela mesma autora, que dá o mesmo tom, e que a protagonista é a mesma, o decorrer é diferente. Isso diferencia Para ser uma esposa virtuosa de Os oito tesouros do enxoval. Não o conteúdo, não como é contato, mas sim o caminho que a história percorre. O começo e o final de ambos são quase idênticos, mas o como chegou lá foi diferente. Com isso, mesmo que fossem autores diferentes, eu não poderia falar que um é plágio do outro.
Agora, a história desse livro, e não do outro.
Ao contrário de várias histórias de transmigração, a protagonista, Hua Xi Wan, não transmigrou para o outro mundo logo no começo da história. Isso aconteceu quando o seu atual corpo era criança. Quando essa menina morreu, o corpo de uma atriz tomou conta dele e viveu até o presente momento, no qual se casava. Só que ela estava cansada da correria e da falsidade do mundo do entreterimento, e preferiu viver reclusa. Quase não saía de casa até a vida adulta e eram poucos os que viram o seu rosto.
Só que fofoqueiros como só os seres humanos conseguem ser, logo surgiu um rumor para explicar o motivo dessa menina nunca sair de casa: ela era feia, horrorosa, deformada. E algumas pessoas tinham motivos para que esse rumor continuasse. Os inimigos queriam ter uma mulher a menos como concorência no mercado casamenteiro, no qual além da nascença, a aparência também era importante. Quem iria querer ser o noivo de uma mulher famosa por sua feuira? Seria como uma humilhação para ele e sua família.
Só que os pais de Hua Xi Wan também tinham um motivo para que quisessem que a filha tivesse a fama de feia. Isso porque Hua Xi Wan era linda. Já falei como a beleza pode ser importante, e com um rosto como o da garota, ela teria muitos problemas. Poderia ser desejada por vários homens que seriam inescrupulosos para se casar com ela, e até mesmo poderiam forçar um casamento com alguém de status mais elevado do que o da família deles. E foi isso o que aconteceu.
O imperador decretou o seu casamento com o Príncipe de segundo grau (JunWang) Xian, Yan Ji Qiu. Ele era o sobrinho do imperador, filho de um príncipe que foi seu concorrente na luta do trono, e perdeu. O motivo para que esse casamento era claro: o imperador não gostava do JunWang Xian. O imperador só tinha um filho, justamente com a sua imperatriz, o príncipe herdeiro, e ele era um bosta, e ainda por cima histério. A capacidade de ter filhos era determinante para a manutenção da linhagem real, então era uma falha grave. O seus dois sobrinhos do imperador, filhos de diferentes pais, representavam uma ameaça não só para o príncipe herdeiro, mas também para ele mesmo. Sabendo da incompetência do filho, a imperatriz impedia que as concubinas reais tivessem filhos, já que literalmente qualquer um era melhor que ele.
Então também aí começa a corrida para saber quem terá um filho primeiro: Xian JunWang, Sheng JunWang (o outro primo), o príncipe herdeiro ou o imperador.
Mas o casamento não foi como todos imaginavam que seria. Hua Xi Wan era linda, e Yan Ji Qiu era um bom marido. Apesar de pelo menos na perspectiva dela não fosse amor a primeira vista, acabaram se apaixonando com o tempo.
Hua Xi Wan viveu uma boa vida como princesa. Era bonita, tinha um marido rico que não se importava no quanto ela era preguiçosa e relaxada, não tinha concubinas… Ela era invejada por todos.
Só que até por isso, por falta de intrigas amorosas, o foco desse livro são as intrigas políticas, o jogo de poder. O quem traiu quem, o quem é aliado de quem, quem consegue derrubar quem.
Todos parecem querer o trono e não medem esforços para consegui-lo. Se não tiverem status para isso, ao menos queriam ficar ao lado de quem ficará no trono. Quem leva a vantagem é o casal protagonista, que parecem ser os únicos que pensam a longo prazo.
Um dos pontos altos da trama é a necessidade de cortesia e de regras, que ditavam até mesmo quando chorar. Cria aquela tragédia que no final vira uma comédia. A profissão de Hua Xi Wan veio a calhar, já que ela sempre parecia sincera.
Não achei que esse livro tem a beleza de Para ser uma esposa virtuosa, mas é mais dinâmico e cheio de intrigas que prendem o leitor. Nesse livro, algumas vezes não sabe o que vai acontecer, quem fez o que e quem é o culpado, enquanto o Para ser uma esposa virtuosa foca no romance e já deixa claro a devoção do marido da protagonista, fazendo com que as intrigas tenham finais previsíveis por saber de que lado ele vai ficar.
Agora, a personagem coitadinha com a qual sempre termino. A personagem injustiçada, que sempre é uma mulher. A da vez é a princesa herdeira, a esposa do filho do rei. Ela acaba tendo a fama de má, mas ela está em uma situação complicada, e sempre foi considerada como tendo um “gênio ruim”, assim alguém que não daria mesmo conta da vida que vivia.
Também tem a esposa do Sheng JunWang, que achei que poderia melhorar um pouco, ainda mais sendo uma das minhas personagens favoritas. A atitude que ela acaba tomando é previsível, mas mesmo assim chocante por se concretizar. Na realidade ela não foi assim tão injustiçada, mas creio que poderia ter um final diferente, na qual pudesse ser mais feliz.