Resenha: Liberte Aquela Bruxa, por Er Mu

A encantadora cortesã

Título: Liberte Aquela Bruxa (放开那个女巫 na língua original, Release that Witch
em inglês)

Autor:

Er Mu

Língua lida: Inglês. Primeiramente traduzida pela Volarenovels nesse link , depois continuada pela Qidian Internacional nesse link

Tem em português: sim, está sendo traduzido por 3Lobos nesse link

Sinopse do site do tradutor:

Cheng Yan viajou através do tempo para acabar em um período histórico como a Europa medieval, tornando-se Roland, um Príncipe Real. Mas este mundo não parece ser o mesmo que ele conhecera.

Bruxas são reais e elas podem lançar magias?

Acompanhe a batalha de Roland pelo trono contra seus próprios irmãos! Será que ele ascenderá ao trono, mesmo que seu próprio pai, o rei, tenha dito que ele era um caso perdido e o fez começar na pior situação possível? Somente com sua experiência com a tecnologia moderna e com a ajuda das bruxas, as quais propositalmente são conhecidas como servas do diabo e caçadas pela inquisição da Santa Igreja, é que ele poderá suceder!

Que a jornada de Roland comece!

Não sei porque decidi começar as minhas resenhas de livros chineses (nesse caso uma webnovel) com esse… Principalmente quando a primeira coisa que tenho a falar é que esse livro está com um problema sério de atualização. Para quem não sabe, é comum que livros chineses tenham mais de mil capítulos que são lançados um a um, e esse título faz parte da regra. Deste modo, a tradução para o inglês/português também ocorre desse modo, capítulo a capítulo. Conduto, já faz algum tempo que a tradução empacou no trezentos e poucos capítulos. Isso por causa do drama da Qidian.
O drama da Qidian, pelo que entendi: Qidian é uma editora, uma das muitas que autoriza a tradução amadora das suas obras, desde que não sejam vendidas. Só que tradutores costumam receber incentivos financeiros de leitores para liberarem novos capítulos mais cedo, além de faturarem com publicidade nos seus sites. Assim, o livro é de graça para quem quer ler, mas o leitor também pode pagar se quiser. A Qidian decidiu um dia entrar no mercado da língua inglesa e para pegar suas títulos de sucesso de volta, decidiu abrir um processo contra um tradutor por causa dessas doações, que não faziam parte do contrato. O resultado foi que quase todos aqueles que traduziam os livros dessa editora abandonaram os seus projetos. Algum tempo depois, a Qidian criou um site em inglês e comprou algumas traduções de fans e começou a traduzir novas obras.

(Retificação em 20/08/2017: o drama já foi resolvido. Colocaram o restante dos capítulos patrocinados no site da Volarenovels, e logo em seguida a Qidian começou a traduzir a partir de onde parou. Estou também colocando o link do site da Qidian Internacional na descrição. E ainda, um tradutor decidiu continuar a tradução não oficialmente, mas boa parte dos leitores consideram que a tradução dele é melhor do que a da Qidian Internacional. Não vou colocar o link para essa tradução por não a considerar oficial, mas você acha os links com facilidade na Novelupdate)
Liberte Aquela Bruxa não está ainda nesse site em inglês, mas a tradução está quase parada, com poucas atualizações. O site da atual tradução fez um anúncio sobre o destino de todas as obras da Qidian que estavam com eles, mas dessa não fez. Só que há rumores de que estão negociando a obra.
Mas vale a pena ler Liberte Aquela Bruxa mesmo com esse problema.

Veja a capa do livro, veja o título, veja a sinopse. Você deve imaginar que é uma história cheia de batalhas, de lutas e de sangue para todos os lados. Que o protagonista, Roland vai virar um guerreiro sanguinário. Tem lutas, tem sangue, mas Roland não consegue dar nem um soco. Aliás, aqueles que decidirem ler vão perceber que as lutas duram dois capítulos. E não são dois capítulos de uma luta, depois dois capítulos de outra, e mais dois de mais uma… São dois capítulos de luta, então trinta capítulos de preparação para a próxima luta.

Liberte Aquela Bruxa é sobre revolução tecnológica, e é isso o que faz essa obra se destacar!

Um engenheiro nerd acorda no corpo do príncipe Roland, que foi enviado por seu pai para governar a Vila Fronteiriça e era um imbecil inútil. Cada um dos seus irmãos foram enviados para um local para que provassem quem merecia ser o futuro rei, mas como ninguém esperava nada dele, ele foi enviado para uma cidade pequena. O mundo que ele vive era como a Idade Média, inclusive com caça às bruxas, que para as pessoas eram como as servas do demônio. E existem sim demônios na história, bestas demoníacas que matam pessoas, uma igreja que quer matar as bruxas para expulsar o demônio do mundo matando bruxas, mas que tem uma motivação oculta.

Caso você seja um cristão fanático religioso que não conseguiria ver a igreja católica na Idade Média como inspiração para vilões, não aconselho você a ler essa obra. Não aparece nada sobre Jesus Cristo em Liberte Aquela Bruxa, mas fanáticos religiosos são fanáticos religiosos, fazer o que?

Então ele decide usar sua percepção como homem da ciência e melhorar a vida das pessoas. Roland não acredita que o demônio toma o corpo de mulheres para que elas se tornem suas servas, então decide estudar como funciona uma bruxa. Vê que há matéria prima e demanda, então cria tecnologia para o seu povo. Percebe como é feita a divisão de classes e decide adotar formas modernas de administração (China, comunismo, eu seu no que você está pensando… Pelo menos até o momento da história que foi traduzida, eu não vejo como uma propaganda socialista, e sim  antimonárquica, mas antimonárquica. Algo como todos são iguais perante as leis, mas vamos ganhar mais dinheiro e fazer as pessoas gastarem mais).

Quando acorda no seu novo corpo, Roland logo descobre que uma bruxa iria ser executada, a Anna. Claro que ele impede sua execução, e vai interrogar o que aconteceu. História triste: Anna matou um homem que tentou matar o seu pai e ela quando a mina na qual ele trabalhava desaba, mas o pai decidiu vender a identidade dela para a igreja por ter ficado com sequelas do acidente. E é até para ajudar seu pai que ela “aceita” a execução. Vendo que ela não era uma psicopata e a utilidade da magia do fogo de Anna, ele decide liberar ela e a colocar para fazer cimento. É, cimento.

Não gosto da Anna como personagem. Espero uma evolução dela nesse quesito, mas até agora ela se apresentou como uma Mary Sue. Foi feita para ser boazinha demais, forte demais, devotada demais, ela existe para ser o par adequado para todas as criações de Roland (sim, tem um dedo dela em quase todas as tecnologias que ele cria). E é por isso que não gosto da parte romântica dessa história.

Usando seus conhecimentos modernos, Roland vai criando bens que atendem as necessidades dos moradores. Como no inverno a cidade é atacada por bestas demoníacas, ele cria o cimento para a construção de muros e casas resistentes, pólvora e armas de fogo para matar os animais. Como trabalhar na mina é perigoso, ele cria um motor. Como as pessoas comem com a mão, ele pede para cortarem a comida pequena e inventa os palitinhos.

O protagonista faz tudo isso com o que sabe, tem disponível e também com a ajuda das bruxas. Com os poderes que cada uma tem, ele as emprega em etapas da sua produção, o que é outra particularidade da história. Sabe aquela sua ideia sobre a história, que as bruxas vão lutar com ele pelo trono? As bruxas vão estar é na linha de produção por boa parte dessa história, só uma ou outra vez num confronto direto. Isso devido a duas coisas:

  1. Nem todas as bruxas tem poderes que servem para lutar. Boa parte das bruxas que vão se aliar com Roland na história são até discriminadas nos seus grupos por serem consideradas inúteis.
  2. Na história existe uma kriptonita contra as bruxas, uma pedra que faz com que elas não consigam usar seus poderes, e que quase todos tem.

Uma das lutas dele é para fazer com que as bruxas sejam aceitas pela sociedade. Porém, isso também é uma forma de ganhar força para lutar pelo trono. Lembre-se: lutas de dois capítulos sempre!

Apesar de não conhecer nada da engenharia, acho que as vezes o autor exagera nos conhecimentos dele. Roland em um momento da história vai apresentar conhecimentos sobre didática, administração, táticas de guerras. Isso não é tão errado assim numa ficção, mas tem seus pontos negativos é colocar um engenheiro de forma realista num mundo análogo a idade média, que é o que a história propõe.

Falando em romance, tenho outra queixa com relação a rival de Anna, Rouxinol. Para mim isso não é um spoiler já que os lugares das duas está claro desde o início, mas senti que a personagem dela que eu gostava a princípio vem sendo diminuída para aumentar Anna. Mas como e uma obra chinesa e haréns são comuns por lá… só espero que não!

Ainda a bajulação com todos fazem com Roland e suas invenções são repetitivas e cansativas. Sei que é para atrair um público, de homens nerds com complexo de inferioridade. Mas por eu não ser um homem, isso não me atraí.

Deixe um comentário